sábado, 28 de abril de 2012

Ela caminha até mim...

Ela caminha até mim, com seu olhar profundo e um tanto superior. Ela caminha até mim, e o que senti naquele momento não podia ser expressado nem por cem filmes com os melhores finais felizes. Ela caminha até mim, com a camiseta que eu havia vestido no dia anterior. Ela caminha até mim, e em seus olhos, em seu sorriso, seus lábios, encontro tudo o que preciso. Ela caminha até mim, e completa tudo aquilo que uma vez era vazio.






                                                          L. L.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Alternativa possível.

Eu me sentia como se fosse destinado a ser um assassino, um ladrão de banco, um santo, um estuprador, um monge, um eremita. Precisava de um lugar isolado para me esconder. Os cortiços eram desagradáveis. A vida dos homens são e medianos era tediosa, pior que a morte. Parecia não haver alternativa possível. A educação também me parecia ser uma armadilha. A pouca educação que eu obtive me fez ficar ainda mais desconfiado. O que eram os médicos, os advogados, os cientistas? Apenas homens que se deixaram privar de sua liberdade de pensar e agir como indivíduos.
 
 
Bukowiski.

dar e receber.

Você já se sentiu dando tudo de si e recebendo migalhas em troca? Já sentiu que não recebeu o que queria e que os esforços foram em vão? Já sentiu que simplesmente as coisas não foram justas e tem algo de errado com o destino? Pois é, é um sentimento inominável, uma mistura de decepção com raiva, tristeza com confusão, incompetência com vazio. É um sentimento de que você não foi suficiente, não sanou as expectativas depositadas em você, se sente um lixo. Por que, afinal de contas, no fundo, o amor que você dá, é o amor que você quer receber.






Y.

terça-feira, 24 de abril de 2012

drunk and feeling down

Nenhuma droga te salvará do fardo de viver a sua vida, não importa o quão chapado você fique, o quanto da noção da realidade você perca, sua vida vai continuar a mesma merda. Não importa quantas garrafas você entorne, com cada gota de álcool, o peso do mundo de merda que você vive descendo pela garganta, amargo. Não importa. Não importa quantos cigarros fume para aliviar a pressa de morrer. Não importa quantos baseados você queime para aliviar seus pensamentos tortos. Não importa o quão bêbado fique e quanto você vomite no chão do seu quarto de tão louco que está. Sua vida não vai melhorar. Seus problemas não vão sumir. Vão continuar ali, camuflados. Escondidos. Esperando para te pegar quando está sóbrio. Mas essa felicidade-falsa, paliativa e dolorosa que toda essa loucura proporciona é quase tão boa quanto a real.





Y.

cigarro e ócio.

Acordo, acendo um cigarro, penso em voltar a dormir, penso em parar de estudar, vou comer um pão com manteiga com gosto de nostalgia, penso que vou ter que conviver com gente de novo, vou pra escola, cabelo meio despenteado, cara meio surrada, cara de sono, sem vontade pra vida e fumo um cigarro no caminho, penso em matar aula, penso como vai ser chato, entro na escola, estudo sem vontade, me distraio e falo de algum assunto inútil na aula, assunto que me dá sono, paro de conversar. Abaixo a cabeça para pensar, durmo, durmo na aula, acordo com o sinal, já é o intervalo. Dormi duas aulas. Estou com fome, mas sem vontade de comer, fumo mais um cigarro, sinto um gosto meio ruim, penso em parar de fumar, penso em começar a estudar, mas logo perco a vontade. Vou para casa, fumo um cigarro na minha janela e penso, fico pensando um pouco. Penso como sinto um asco pela a vida, um gostinho de querer me trancar em um quarto e nunca mais ter que me relacionar com ninguém na vida, sumir. Mas o problema é que não dá para parar de se relacionar. Eu tenho que me relacionar para tudo, comer, comprar whiskey, comprar meu cigarro, comprar minhas roupas, deixar as luzes acesas, pagar as contas, comprar a ração do meu cachorro, comprar mais whiskey. Acho que o problema é o cigarro.



 
                                                                                                                                                                  Y.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Depressive.

Me sinto completo vivendo na infelicidade, me sinto como um brinquedo funcionando perfeitamente. Quando feliz, tento arrumar alguma coisa pra me deixar triste, não sei viver feliz, tento destruir tudo o que me faz bem, me afastar de quem pode proporcionar algum tipo de prazer. Porque são esses, esses que sempre mais me machucam.




Y.

Vida Ideal.

Nunca fui de muitas ambições, queria terminar logo a escola, de qualquer jeito, sem condecorações ou diplomas de melhor aluno, queria sair logo dali, o mais rápido possível, arranjar um trabalho mediano que dê para sustentar os meus vícios e pagar um apartamento sujo no centro da cidade, sumir, me isolar. Queria mesmo é viver em um buraco com algumas garrafas, alguns cigarros e talvez algumas coisas ilícitas, um videogame, talvez, queria ter um cachorro, queria ter uma vida que preste, mas o que eu mais queria era felicidade. Felicidade que nunca possuí com plenitude. Felicidade é algo tão surreal pra mim. Sempre foi, sempre vai ser.




Y.

Coisa...

É uma dor que só dói quando estou sozinho, uma dor que só existe quando deito, quando não tem mais ninguém aqui comigo, só dói quando estou sozinho, bêbado e insone em um quarto vagabundo de hotel, só dói quando eu acabo de fumar meu último cigarro. É só uma memória que gosta de me pegar e me assombrar quando estou solitário, quando não tenho pra onde correr, uma memória que aflige e cutuca, uma memória que não me deixa em paz, aquela memória que me deixa louco, que me tira de mim, tira o que restou de sanidade. É só uma lembrança misturada com esperança de que um dia vai dar tudo certo. É só uma coisa. Uma coisa que não me deixa dormir, uma coisa que me faz não conseguir comer direito, em meio toda a dor de cabeça e no peito, o estomago revirado e ácido. É só uma coisa. É só uma memória. Uma péssima memória doce.



Y.