sábado, 5 de maio de 2012

insone.

Insônia, óh, querida insônia, em ti depositei e recebi os sentimentos mais puros que eu podia esperar de alguém. Insônia, você que sabe de todos os meus segredos, desejos e pesamentos, dos mais lindos até os mais malignos. Você que me dá aquela sensação de todos os dias serem os mesmos e de não saber se é terça ou sexta, a impressão que o dia não acabou, que não acaba nunca. Você que dividiu os meus cigarros e meu whiskey, cada gota e cada trago. Você que partilhou de todo o meu cansaço, da fadiga. Do cansaço de ter nascido em algo que não pode concertar, de toda a falta de esperança que isso ocasionou. Óh, insônia, a minha melhor amiga e secreta amante. Será que, um dia, até tu me trairás?




Y.

cansaço.

Uma hora você simplesmente se cansa. Aquela hora que você sente a fadiga existencial, o vazio não preenchido. Se cansa de acordar, se cansa de dormir, se cansa do barulho chato que o aquário faz, se cansa de vestir os sapatos toda a manhã, se cansa de ir à escola, se cansa de falar, de falar e de ouvir. Ouvir lhe dá dor de cabeça, fadiga-se de tudo. Lembra que queria ouvir uma música, queria procurar uma banda nova. Mas logo desiste da ideia. Está cansado demais para isso. Pensa "como foi que fiquei assim?" pensa no medo, na desgraça, na felicidade não alcançada, pensa até ficar louco. Pensa que deve já deve estar louco. Pensa "onde fui que eu perdi a sanidade? Em qual bolso de qual casaco deixei?" Assombrado. Afinal, qual o sentido de todo esse cansaço? Qual o sentido de viver cansado de lutar para ter algum dinheiro, e quando ter, estar velho demais para gastar com o que queria? Qual o motivo dessa fadiga, da canseira que a vida dá? Você se cansa do dinheiro.  Se cansa da lâmpada que te incomoda e das batidas na parede. Cansa de acordar com um gosto ruim na boca e uma dor de cabeça. Se cansa do gosto de sangue na boca. Se cansa de não conseguir dormir. Se cansa das pessoas e dos assuntos. Pensa. Pensa. Pensa em alguma solução para sair desse labirinto. Uma saída. Pensa e se cansa da mesmice, da monotonia, da inércia física e emocional, se cansa da própria fadiga, do sentimento de ser mais um. Se cansa dos "tudo bem?", dos "adeus", dos "oi's", do jornal, se cansa de se cansar com tudo. De saco cheio de estar de saco cheio pensa se há saída... cansa de pensar também.


Y.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

É a Lei.

Quantas noites insones mais vão ter que se passar comigo pensando em você? Sinto seu cheiro onde não tem, sinto o gosto do seu beijo sem beijar ninguém, sinto sua falta sem querer sentir. Me pergunto o porque de você ter feito aquilo, te perguntei também. Nós dois parecemos não ter uma resposta. Não uma convincente pelo menos. O sentimento que aquilo despertou em mim de "não confie em ninguém" ou de "amor é uma bosta, rima com dor" ou até mesmo a conclusão de que simplesmente não importa o quanto você ama alguém, o quanto se importe, não importa o quanto você faça por ela, não importa o quanto você a queira bem, o quanto você queira que aquilo dure pra sempre, o quanto você grite por ela quando você sente sua falta, ela sempre vai te fazer de otário, vai te magoar de algum jeito, e esse jeito vai doer, vai doer muito. Mas, você não vai gritar, é uma dor silenciosa, que mata aos poucos. Vai acabar com você. Não adianta. É a lei do relacionamento.
 

Y.

Esperando o trem.

Há alguma coisa em mim que não consigo controlar. Nunca espero o trem sem pensar em suicídio. Quero dizer, não fico pensando nisso, suicido. Mas passa pela minha cabeça: SUICÍDIO. Como um flash no escuro, no fim do túnel, alguma saída. Mas algo sempre me faz continuar. Saca? De outra forma, seria apenas mais um devaneio da minha loucura. E não é tão engraçado quanto  parece, rapaz. E cada vez que escrevo um bom texto, é mais uma bengala que me fazer seguir em frente, continuar. Não sei quanto às outras pessoas, mas quando me aproximo da  beirada do vão do metro, penso "poderia acabar com isso agora", seria uma solução, sabe? A vida me fode, não nos damos bem. Tenho que comê-la pelas beiradas, não tudo de uma vez só. É como engolir baldes de merda. Não me surpreende que os hospícios e as cadeias estejam cheios e que as ruas estejam cheias. Gosto de brincar com o meu cachorro. Ele me acalma. Ele me faz sentir bem comigo mesmo, sentir que eu sirvo para algo. Mas não me coloque em uma sala cheia de humanos. Nunca faça isso comigo. Especialmente numa festa. Não faça isso.



Ps: Esse texto foi meio que uma "adaptação" para mim do texto "manhã" do buk.
Ps²: Não curtiu eu "copiar"? Look! The last "fuck" I'll give to you fly away.
Y.